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Foto do escritorGuilherme Cândido

A Lenda de Tarzan é um entediante amontoado de flashbacks

Criado em 1912 pelo escritor norte-americano Edgar Rice Burroughs, Tarzan já foi a estrela de inúmeros projetos das mais variadas mídias. O problema é que, desde a produção protagonizada pelo nadador estadunidense Johnny Weissmuller (que eternizou o icônico grito do personagem) até essa com o sueco Alexander Skarsgård, a história do lorde de Greystoke nunca rendeu um filme realmente notável. Sim, tivemos algumas de maior sucesso, como a animação lançada pela Disney em 1999, mas um clássico realmente nunca foi criado. E, infelizmente, A Lenda de Tarzan não muda esse panorama.


Escrito por Adam Cozad (Jack Ryan: Operação Sombra) e por Craig Brewer (do remake de Footloose), o filme inicialmente nos apresenta a um Tarzan “veterano”, partindo do princípio de que todos nós já conhecemos a história do Rei da Selva. Com isso, quando Alexander Skarsgård surge em cena pela primeira vez, vemos John Clayton III, e não o famoso selvagem. Entretanto, tal estratégia (que funcionaria perfeitamente e ainda pouparia tempo) é descartada logo em seguida, numa sucessão de flashbacks que provoca uma verdadeira overdose no espectador.


Isso faz com que o desenvolvimento da trama seja brutalmente interrompido de tempos em tempos, para esclarecer aquilo que todos já sabemos. E a frustração é ainda maior quando percebemos que os roteiristas preferem investir em subtramas tolas ao invés de responderem questões que certamente seriam muito mais instigantes (quem é o avô de Tarzan?).


Claro que tudo isso poderia ser perdoado se o filme pelo menos servisse como espetáculo visual, mas a opção do diretor David Yates (dos filmes de Harry Potter) de filmar quase tudo em estúdio, transforma a experiência em algo puramente digital, artificial. Aliás, um boneco digital saltando pela selva enquanto se agarra em cipós não é algo que se espera ver numa produção orçada em mais de 150 milhões de dólares. Uma decepção que fica mais evidente quando lembramos que esse ano já tivemos Mogli: O Menino Lobo, uma obra tematicamente semelhante, mas tecnicamente (muito) superior.


O que salva A Lenda de Tarzan do desastre absoluto é seu esforçado elenco, a começar pelo protagonista, pois Skarsgård pode até não ser o melhor ator em atividade, mas é expressivo e exibe todo o vigor físico que o personagem exige. Margot Robbie (de O Lobo de Wall Street) também faz um bom trabalho, distanciando sua Jane da tradicional donzela indefesa, enquanto o competente Samuel L. Jackson (o Nick Fury da Marvel) surge divertido como o principal aliado de Tarzan. Já Christoph Waltz (de 007 Contra Spectre) limita-se ao mesmo tipo de vilão que já está tão acostumado a interpretar.


Irregular, enfadonho e tecnicamente artificial, o novo Tarzan não tem lugar no mundo moderno, pois mesmo depois de tantas histórias e contando com o avanço da tecnologia, ainda se mostra inferior aos seus antecessores.


NOTA 5

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