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Foto do escritorGuilherme Cândido

Impactante, 'Zona de Exclusão' joga luz sobre crise dos refugiados na Europa


Hoje é fácil entreouvirmos conversas acaloradas em qualquer lugar sobre a Guerra entre Rússia e Ucrânia. Os meios de comunicação, a essa altura, substituíram o sensacionalismo pela naturalidade, banalizando o longo confronto entre as duas nações europeias. Por isso, Zona de Exclusão não deve ser um organismo estranho quando chegar ao público, já que aborda a crise dos refugiados que vem representando uma pedra no sapato da União Europeia há quase dez anos.


A história começa no interior de um avião turco. Entre os passageiros, fugitivos de diversas nações abraçam a improvável esperança de conseguirem entrar no Velho Continente pelo ar, atravessando fronteiras até chegarem à Suécia, historicamente mais receptivo à imigração. Enquanto os funcionários da companhia aérea presenteiam com rosas os turcos e sírios a bordo, os bielorrussos não são tão simpáticos. Isso porque a promessa do ditador Lukashenko se revelou uma grande mentira, embalando uma armadilha pronta para os imigrantes caírem.

Entre os refugiados está uma família de sírios, fugindo da devastada cidade de Harasta, tomada pelos terroristas do Estado Islâmico e Leila, a mais nova agregada. Tentando escapar das garras do Talibã, a senhora afegã rapidamente é acolhida pelo grupo e se revela uma componente crucial, solucionando conflitos em potencial. Desde o repentino pedido de dinheiro por conta de uma espécie de "coiote", passando por um valioso carregador portátil e uma conveniente habilidade de acalmar o bebê da família, Leila está sempre estendendo a mão para manter a jornada do grupo em curso.

O roteiro, escrito a seis mãos, é dividido em capítulos, todos incorporando o tipo de sofrimento visceral que ao longo dos anos vem fazendo a fama do Cinema Polonês. Com uma bela fotografia em preto e branco (outra marca registrada), acompanhamos os eventos cada vez mais dramáticos nos quais os refugiados são obrigados a passarem, desde a violência gratuita de guardas de fronteira até intempéries naturais. Por outro lado, há quem tente equilibrar essa balança. No caso, são ativistas que se reúnem nas florestas que rodeiam a fronteira entre Bielorrússia e Polônia em busca de pessoas em necessidade.

Mas a veterana realizadora Agnieszka Holland não constroi seu filme apenas como um teste de resiliência para seus incautos personagens. A polonesa busca um tipo de Cinema humanitário, exalando empatia ao invés de englobar as complexas engrenagens geopolíticas que envolvem a Crise dos Refugiados. A longa duração sugere um épico humanista, mostrando que nem sempre é tudo preto ou branco (como sugere a fotografia acinzentada). Assim como nem todos os guardas são selvagens, nem todo habitante dos arredores está disposto a ajudar o próximo. Nesse ponto, destaca-se a participação de Julia (Maja Ostaszewska), psicóloga que oferece a própria residência para acolher os homens e mulheres que entraram em seu país em busca de paz.

Presenteando o espectador com surpresas no final da projeção e que revitalizam nossas esperança na humanidade, recompensando (nem que seja por poucos minutos) toda a epopeia que testemunhamos durante quase duas horas e trinta minutos, Zona de Exclusão é um filme forte e tocante sobre uma realidade que já invadiu nosso cotidiano. Uma ferida aberta que precisa ser cutucada frequentemente para estimular o que de melhor temos a oferecer.


NOTA 8


*Filme visto originalmente no Festival do Rio 2023

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