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Foto do escritorGuilherme Cândido

Nova adaptação de "Resident Evil" chega aos cinemas condenada pelos fãs

Após um primeiro ato auspicioso que cuidadosamente posiciona todas as peças no tabuleiro enquanto prepara o espectador para o que está por vir, Resident Evil - Bem-Vindo a Raccoon City aos poucos sucumbe à mediocridade de seu roteiro, cuja incapacidade de fugir do lugar-comum evidencia uma produção muito mais interessada em tentar seduzir os fãs com a fidelidade aos visuais do game original (exceto seus personagens) do que em investir numa adaptação acima da média.


Enquanto isso, o diretor Johannes Roberts (também responsável pelo script) acostumado a filmar histórias ambientadas no escuro (vide Medo Profundo), tenta equilibrar-se entre o horror e a ação, fracassando em ambos justamente por hesitar em mergulhar de cabeça num deles. Desperdiçando ótimas oportunidades concedidas pela imensa Mansão Spencer, Roberts contenta-se com sustos gratuitos ao invés de seguir o exemplo de obras como Hereditário e Invocação do Mal, que souberam tirar proveito de seus aposentos. Por falar em sustos, o cineasta tenta ludibriar o espectador ao mascarar o clássico jump scare de movimentação de câmera (alguém faz algo e se movimenta para um dos lados, apenas para voltar à posição de origem e dar de cara com uma ameaça) adicionando um elemento de distração antes de provocar o susto (sempre com o auxílio da trilha incidental), entretanto, após repetir a estratégia várias vezes, o recurso rapidamente se esgota.


Já em termos de ação, Bem-Vindo a Raccoon City demonstra uma decepcionante falta de imaginação, concebendo, ora set pieces sem energia (seja através da montagem ou das fracas coreografias), ora sequências burocráticas que, em seus melhores momentos apenas consegue replicar ideias exploradas por obras anteriores (o confronto iluminado pelas luzes dos disparos). Para piorar, a aparência dos infectados revela que o departamento de maquiagem sofreu com o orçamento limitado, empalidecendo até mesmo diante dos filmes anteriores.


E se o elenco coadjuvante, composto em sua maioria por atores de segunda classe, sofre ainda mais com o texto pedestre (repare no excesso de diálogos expositivos e na artificialidade das frases de efeito supostamente engraçadas), a carismática Kaya Scodelario (Maze Runner) pouco pode fazer com a trama genérica que protagoniza. Mesmo assim, a produção consegue a proeza de sequer fornecer motivações convincentes para a inescrupulosa corporação Umbrella, tropeçando também ao depender de um conhecimento prévio por parte do espectador para que alguns de seus elementos sejam entendidos (T-Virus e G-Virus, por exemplo). Sem contar o excesso de referências (gritantes) aos anos 90, denunciando um desespero patético em situar o projeto.


Encerrando a projeção com um gancho que deixa clara a intenção de continuar, Resident Evil - Bem-vindo a Raccoon City é um aceno tímido e claudicante à sua massa apaixonada de fãs, tão desprezada pelas produções anteriores, mas que agora pode finalmente alimentar a esperança por um futuro promissor, desde que seus realizadores decidam sair do lugar-comum.


NOTA 4

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