top of page

O Cinema Brasileiro sempre esteve aqui

  • Foto do escritor: Guilherme Cândido
    Guilherme Cândido
  • 3 de mar.
  • 2 min de leitura

O Cinema Brasileiro nunca precisou de um Oscar. Apesar de ser injustamente desprezado por boa parte da população, nossos filmes sempre foram celebrados pelo mundo, tanto que foram premiados pelos principais festivais e mais de uma vez. A própria Fernanda Torres já foi laureada em Cannes (Eu Sei Que Vou Te Amar), assim como a paulista Sandra Corveloni (Linha de Passe). Entre longas-metragens, O Cangaceiro (1953) abriu as portas e vimos Bacurau e A Vida Invisível se consagrarem em 2019. Isso só para citar Cannes, pois Berlim, Locarno e Veneza também já reconheceram o Brasil como potência cinematográfica. Este último festival citado, aliás, foi onde Ainda Estou Aqui começou sua trajetória na temporada de premiações, sendo escolhido como Melhor Roteiro.


Muitos brasileiros, por ignorância ou puro preconceito mesmo, costumam tentar diminuir uma das melhores e mais diversas filmografias do planeta e como sempre diz Pablo Villaça, meu professor, ao contrário, por exemplo, dos Estados Unidos, cuja produção se concentra majoritariamente em dois polos – um na costa leste (Nova York) e outro na costa oeste (Los Angeles) – o Brasil é prolífico em todas as suas regiões, produzindo obras completamente diferentes entre si, em termos de linguagem, estética e até narrativa.


Aqueles que pararam no tempo, especialmente na época das pornochanchadas, tendem a apontar o excesso de “sacanagem”. Os que veem apenas produções Globo, criticam o volume e a qualidade de comédias “com cara de novela”. E assim por diante. Quem acompanha meu trabalho sabe que sempre exalto a pluralidade de gêneros que exploramos, algo pouco visto pelo público, seja, de novo, por preconceito/má vontade, mas também por parte dos exibidores, reféns da maior emissora do país, que adota práticas predatórias semelhantes aos tão criticados hollywoodianos.


Quem já conhece ou ao menos vê filmes brasileiros com regularidade sabe que não precisávamos do Oscar, mas o prêmio dessa noite é a chancela final que talvez convença de uma vez por todas aqueles detratores que bradam não gostar de filme nacional, quando o último longa assistido foi aquela neochanchada de três, cinco ou dez anos atrás e que ocupava quase a totalidade das salas dos multiplexes.


Que também sirva para mostrar aos exibidores que há qualidade em nossos filmes e quando o público tem a oportunidade de atestá-la, a abraça apaixonadamente, como ficou claro na onda de apoio virtual a Ainda Estou Aqui, a melhor publicidade possível e que assegurou mais de cinco milhões de ingressos vendidos somente em território nacional. No exterior, recordes de bilheteria no Reino Unido e em Portugal, fora os impressionantes 5 milhões de dólares arrecados em pouco mais de 760 salas na América do Norte.


O Cinema Brasileiro não apenas ainda está aqui, como sempre esteve e para sempre estará. Agora, finalmente, vencedor do Oscar.

bottom of page
google.com, pub-9093057257140216, DIRECT, f08c47fec0942fa0