Remake desnecessário de Caçadores de Emoção impressiona pela artificialidade
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  • Foto do escritorGuilherme Cândido

Remake desnecessário de Caçadores de Emoção impressiona pela artificialidade

Atualizado: 16 de jul. de 2022

Estamos vivendo a Era dos Remakes. O que, claro, é um eufemismo utilizado para o fato de que a indústria cinematográfica Hollywoodiana vive um período de escassez de boas ideias. Isso também pode ficar comprovado se considerarmos que não são apenas remakes, Hollywood também tem apelado para continuações de filmes com mais de duas décadas de existência, como foi o caso de TRON, que ganhou uma continuação 28 anos depois de sua estreia, e até Star Wars, cujo Episódio VII continua em cartaz nos cinemas. Chegou a vez de Caçadores de Emoção (de 1991) ganhar sua refilmagem.


Contando com algumas ligeiras mudanças em relação à trama original, essa nova versão dirigida por Ericson Core (do razoável O Invencível) acompanha o jovem policial Johnny Utah (Luke Bracey, estreando como protagonista) que, investigando um grupo de assaltantes especializados em fugas espetaculares, acaba se infiltrando num grupo de esportistas radicais a fim de investigar seu líder, Bodhi (Edgar Ramírez, de Livrai-nos do Mal), suspeito de ser o mentor dos crimes.


Lendo o parágrafo acima, fica fácil imaginar um grande filme de ação envolvendo as mais audaciosas acrobacias e embora até tente fazer isso, a verdade é que Ericson Core (em seu segundo filme como diretor) não consegue disfarçar o preguiçoso roteiro do experiente Kurt Wimmer (de vários filmes de ação, como Salt, O Novato e Equilibrium). E o que acabamos vendo na tela é uma sucessão de absurdas sequências envolvendo os mais diversos esportes radicais, mas sem nenhum tipo de conexão entre elas.


E se o roteiro já era fraco, o elenco se revela ainda pior: o australiano Luke Bracey demonstra uma alarmante falta de carisma e personalidade, encarnando um personagem absolutamente unidimensional e desinteressante. Edgar Ramirez, um ator normalmente eficaz, até tenta conferir sinceridade ao seu Bodhi, mas é sabotado por diálogos risíveis. No elenco secundário, os veteranos Ray Winstone (Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal) e Delroy Lindo (Cymbeline) até demonstram competência, mas ficam presos a estereótipos.


Já na parte técnica, Além do Limite se mostra irregular: se impressiona ao mostrar um imenso deslizamento de rochas, esbanja artificialidade na cena em que os protagonistas surfam (é possível notar o contorno em volta dos atores, escancarando o uso de green-screen). Ao final, o roteiro ainda tenta incluir uma mensagem ecológica que poderia até conferir relevância ao projeto, mas a essa altura qualquer esforço de seriedade já nasce morto. Cabe destacar também a gratuidade com que algumas referências ao filme original são jogadas na tela, o que acaba diluindo o impacto, por exemplo, da famosa cena do original envolvendo um personagem que atira para o alto quando percebe ser incapaz de alvejar quem está à sua frente.


Provando ser mais um caso da falta de criatividade dos produtores hollywoodianos, Caçadores de Emoção: Além do Limite é um filme povoado por personagens vazios e sem carisma que são capazes de executar as mais absurdas proezas em sequências de ação sem a menor conexão entre si.


NOTA 2,5

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