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CRÍTICA | "Zootopia 2"

  • Foto do escritor: Guilherme Cândido
    Guilherme Cândido
  • há 23 minutos
  • 3 min de leitura

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Mais de um bilhão de dólares em bilheteria, um Oscar de Melhor Animação e nove anos depois, Zootopia enfim ganha uma sequência e para honrar a tradição hollywoodiana, trata-se de uma produção que amplia tudo o que foi apresentado no anterior, para o bem e para o mal. Felizmente, os diretores Jared Bush e Byron Howard deixam a megalomania de lado e apostam, sim, na expansão do universo que eles mesmos criaram, mas mantendo a essência que arrebatou corações ao redor do mundo. O segredo do triunfo passa pela estratégia de não perder os adultos de vista, algo que a Disney sempre aplicou e viu a Pixar aperfeiçoar.


O longa-metragem de 2016, embora embalado para o consumo infantil, surpreendeu ao incorporar elementos do noir em uma estrutura procedural que em nada devia aos filmes policiais estrelados por atores de carne e osso. Além disso, promover a igualdade ao mesmo tempo em que ilustra a estupidez que rege a intolerância, nunca é demais, especialmente quando feito com eloquência e sem panfletarismo. Dessa forma, enquanto os pequenos se divertiam com gags físicas, cenários multicoloridos e ação cartunesca, os mais velhos se banquetearam com uma infinidade de referências a clássicos do Cinema e um desenvolvimento que, mesmo lidando com o apelo das crianças, sempre respeitou a inteligência do espectador.  

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Zootopia 2 vai pelo mesmo caminho ao apostar não apenas nos acenos à memória cinéfila (O Iluminado e O Poderoso Chefão são apenas alguns exemplos), mas também em referências um pouco mais sutis a outros habitantes do imaginário popular (pisque e perderá uma sacada genial envolvendo a relação de um urso polar com uma famosa marca de refrigerantes). No entanto, é a piada com uma prata da casa, a obra-prima Ratatouille (2007) que, aposto, arrancará as gargalhadas mais altas do público.

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E essa é apenas uma das camadas da narrativa escrita pelo co-diretor Jared Bush, que tem início uma semana após os eventos do primeiro filme. Para não estragar eventuais surpresas, só é necessário saber que a coelha Judy (Ginnifer Goodwin na versão original, Monica Iozzi na brasileira) e a raposa Nick (Jason Bateman e Rodrigo Lombardi também retornam) agora são parceiros na polícia, algo encarado com ceticismo pelos colegas, principalmente quando uma nova conspiração se anuncia e os protagonistas, claro, se tornam os principais suspeitos, como em todo bom noir.

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O maior tropeço de Bush reside justamente no desenvolvimento da relação entre os dois, que começa bem, reeditando a dinâmica cínica que tanto divertiu anteriormente, mas termina embaraçosamente abraçando o sentimentalismo barato, apelando para uma chantagem emocional estranha à sobriedade demonstrada até então. Esse componente meloso, infelizmente, parece inspirado na atual e menos brilhante fase da Pixar. Felizmente, o estúdio de Toy Story (1995) também foi uma influência positiva, seja no humor bem conduzido, na qualidade da animação ou mesmo na atenção meticulosa aos detalhes, algo que, verdade seja dita, era proeminente também na aventura anterior (lembremos da emblemática decisão de fazer os personagens colocarem fones, de fato, nos ouvidos, por exemplo).

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O universo de Zootopia, que já era fascinante, se expande de forma complexa e ainda mais instigante. A cidade, um reflexo de uma metrópole cosmopolita por natureza, segue encantando pelas diversas facetas que exibe, algo explorado com inteligência durante uma perseguição que atravessa vários bairros. Aqueles habitados por criaturas de pequeno porte, como ratos e outros roedores, possuem ruas estreitas, veículos diminutos e túneis baixos, o que dificulta o trânsito de carros feitos para animais maiores. Sabendo disso, Judy demonstra inteligência ao usar seu conhecimento do lugar onde vive para alcançar um criminoso, naquele que desponta como um dos momentos mais inspirados de todo o filme.

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Os sustos, o bom humor, a tensão e o ritmo frenético retornam com força, mas acompanhados de personagens queridos como a versão roedora de Don Corleone, o avatar animal de Shakira (com mais uma boa música, dessa vez composta ao lado de Ed Sheeran) e a genial preguiça funcionária do departamento de trânsito. Essa combinação é matadora e garante quase cem minutos de entretenimento em alto nível e para todas as idades, do tipo que a Disney e a Pixar se especializaram em oferecer.


 

NOTA 8


Observação: Há uma cena extra após os créditos finais.

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