Deuses do Egito tenta disfarçar polêmica racial com extravagância visual
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  • Foto do escritorGuilherme Cândido

Deuses do Egito tenta disfarçar polêmica racial com extravagância visual

Contando com uma trama rasa concebida pela dupla Matt Sazama e Burk Sharpless (do recente O Último Caçador de Bruxas), Deuses do Egito é um filme que não se envergonha dos títulos “superprodução” e “filme pipoca”, pelo o contrário, os abraça de corpo e alma, como fica claro na abordagem do cineasta Alex Proyas (de Eu, Robô e Presságio), que investe sem medo em grandiosas sequências de ação recheadas de efeitos visuais. E como é possível antecipar, Deuses do Egito cumpre seus objetivos comerciais, mas falha em ambição, pois se mostra tão vazio que provavelmente será esquecido assim que as luzes da sala de projeção se acenderem.


A história nos apresenta ao mortal Bek (Brenton Thwaites, de O Doador de Memórias) que para salvar sua amada Zaya, convence o Deus Hórus (Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones) a ajudá-lo. Em busca de vingança contra o poderoso Deus Set (Gerard Butler, de 300), Hórus embarca numa jornada repleta de desafios e monstros perigosos ao lado do jovem Bek.


E é basicamente essa a trama principal, que flerta com Fúria de Titãs e Imortais em vários momentos. O que coloca Deuses do Egito à frente dessas outras produções é a abordagem certeira do cineasta Alex Proyas. Não que o filme seja excepcional, muito longe disso, mas o cineasta australiano de ascendência egípcia consegue imprimir energia às sequências de batalha, que abusam dos efeitos em CGI. Conhecido pelo apuro visual, Proyas mergulha de cabeça na natureza artificial de seus cenários e aproveita para entregar verdadeiros espetáculos visuais, quase sempre carregados de dourado.


Roubando a cena como o vilão Set, Gerard Butler não tem dificuldade em construir o personagem como uma figura carismática e imponente, assim como Nikolaj Coster-Waldau também se mostra presença de cena durante a ação. O destaque, porém, fica por conta das participações do veterano Geoffrey Rush (o Barbossa de Piratas do Caribe) e de Chadwick Boseman (de James Brown e do vindouro Pantera Negra) que diverte com sua composição afetada.


Tecnicamente, Deuses do Egito impressiona pela opulência visual, abusando dos efeitos em computação gráfica para criar cenários exageradamente luxuosos. A fotografia de Peter Menzies Jr. também se mostra coerente com a natureza do projeto, investindo numa paleta saturada puxada para o amarelo.


Leve, descompromissado, e também facilmente esquecível, Deuses do Egito ainda deve causar dores de cabeça em seus produtores, que deverão explicar a escolha de tantos atores caucasianos para papéis egípcios. Se tratando de Hollywood, nada muito surpreendente, convenhamos.


NOTA: 6



Publicado originalmente no site Central 42 em 25 de Fevereiro de 2016

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