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'Na Teia da Aranha' descortina bastidores do Cinema com pouca inspiração

  • Foto do escritor: Guilherme Cândido
    Guilherme Cândido
  • há 5 dias
  • 2 min de leitura

*Filme visto durante o Festival do Rio 2023


Filmes metalinguísticos abordando os bastidores de um longa-metragem estão em alta. Não faz muito tempo que o ótimo Artista do Desastre foi lançado e durante o Festival do Rio ainda tive a oportunidade de conferir o divertidíssimo Corta!. Cobweb é mais um a engrossar a lista, embora não chegue perto dos dois filmes supracitados.

A história se passa na Coreia do Sul da década de 70 ,girando em torno de Kim (Song Kang-Ho, de Parasita), cineasta ridicularizado pela Crítica que após um sonho intenso, resolve voltar ao estúdio para realizar refilmagens. A ideia não agrada à dona do estúdio, que já dava como encerrado o período de gravações. Como a atriz principal possui um tempo limitadíssimo, tudo deverá ser feito com imensa rapidez. Para dificultar, Kim ainda precisa convencer os censores coreanos de que seu filme (também chamado Cobweb) não é subversivo, mas falha miseravelmente. A narrativa se desenvolve como uma comédia pouco sofisticada, mas ocasionalmente eficiente. No início acompanhamos os perrengues do diretor e toda a pressão que está sentindo para lançar o longa-metragem nos cinemas. O humor, muitas vezes popular, faz uso do histrionismo, o que é uma pena. Em contrapartida, Song Kang Ho encarna Kim com um comprometimento invejável.

Assim como aconteceu em Birdman, outro filme metalinguístico referente ao Cinema, algumas das melhores cenas de Cobweb (não confundir com aquele que já foi lançado) são justamente aquelas que demonizam os críticos de cinema (“a Crítica é um ato de vingança daqueles que não sabem fazer Arte”). Também há comentários pertinentes sobre a Indústria (“quando é que fazer Cinema foi fácil?”). É uma pena que a produção se estenda mais do que o necessário, sempre um mal presságio para comédias.

Diferente de Corta!, que teve a mesma ideia de começar e encerrar a projeção com o “filme dentro do filme”, Cobweb não se torna mais divertido por gastar seus preciosos minutos com essas fimagens. Pelo contrário, provocando bocejos e espiadas no relógio. Desperdiçando três ótimos momentos para concluir a narrativa, o longa-metragem escrito e dirigido por Jee-woon Kim acaba soando cansativo. Ainda mais se considerarmos a parcela considerável de diálogos que parecem saídos de livros de auto-ajuda.

Algumas sequências realmente espirituosas (como aquelas protagonizadas por aranhas) evitam que o filme sucumbe à mediocridade e mesmo que as comparações com o longa de Michel Hazanavicius prejudiquem, o tiro de misericórdia que atinge Cobweb é disparado pelo próprio diretor/roteirista, que acaba engolido pelas próprias pretensões. Caso se mantivesse na linha da comédia nonsense que estava seguindo com eficência, seu filme seria espetacularmente melhor recebido.


NOTA 7

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