"Operação Overlord" diverte com mistura bem feita de gêneros
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  • Foto do escritorGuilherme Cândido

"Operação Overlord" diverte com mistura bem feita de gêneros

Pegando emprestado o codinome da operação que desencadeou o Dia-D na Segunda Guerra Mundial, Operação Overlord mescla gêneros ao retratar os horrores da guerra numa trama que mistura realismo e fantasia. Tendo início com uma impressionante tomada que mostra uma tropa estadunidense tendo de abandonar um avião bombardeado, a trama logo mergulha de cabeça nas convenções dos filmes de Guerra.


A começar pelos personagens Boyce, Ford, Chase e Tibbet, que são meros arquétipos, funcionando apenas como instrumentos à serviço do roteiro: Boyce (Jovan Adepo, de Um Limite Entre Nós) é o soldado corajoso e certinho, Ford (Wyatt Russell, de Anjos da Lei 2) faz o cabo linha dura, o líder que não hesita em usar a violência, Chase (Ian De Caerstecker (da série Agentes da S.H.I.E.L.D.) é o inocente e Tibbet é o alívio cômico.


Sem muitos sobressaltos, o roteiro de Billy Ray (Capitão Phillips) e Mark L. Smith (O Regresso) também procura se cercar de clichês para construir a trama, utilizando elementos consagrados por obras anteriores, como o vilarejo francês que sofre na mão de oficiais da SS e o obrigatório acolhimento dos soldados norte-americanos por uma família nativa. O trabalho de Ray e Smith é tão meticuloso que não falta sequer o militar nazista que chantageia a moça da família.


Assim, ao reciclar estereótipos e convenções, Operação Overlord ganha ares de comida requentada, oferecendo ao público uma experiência longe da originalidade. Isso não chega a ser um problema fatal graças à direção do estreante Julius Avery, que ao menos tenta entregar um produto bem acabado. E consegue, com destaque para a tomada que abre a projeção e o excelente plano-sequência que ocorre perto do epílogo.


Além disso, Operação Overlord compensa a fraqueza do script com elaboradas sequências de ação, como o já citado plano-sequência, que parece ter tido influência de seu produtor J.J. Abrams (quem assistiu a Super 8 notará as semelhanças). Por outro lado, mesmo acertando na ação, o forte da produção é a sua capacidade de gerar tensão, construindo uma atmosfera pesada e focada em manter o mistério.


O problema é que o tal mistério deixou de ser novidade já nos trailers de divulgação do filme, não sobrando muita coisa para ser apreciada, além de alguns bons sustos e uma ou outra perseguição (mais uma vez carregada de tensão). Outro problema da produção é jamais conferir peso às suas ameaças: os oficiais alemães parecem stormtroopers, sendo abatidos com facilidade e o vilão principal, interpretado pelo astro dinamarquês Pilou Asbaek (Ghost in the Shell – A Vigilante do Amanhã), até possui um visual caprichado pela ótima maquiagem e pelo sorriso diabólico de Asbaek, mas limita-se a uma subtrama vingativa e faz o roteiro ganhar ares episódicos (note como tudo é corrido e resolvido de forma simples).


Já a reconstrução de época é irrepreensível, com a direção de arte fazendo um bom trabalho com a ambientação, que se esbalda com os carros da época e a casa onde acontece boa parte do segundo ato. A trilha sonora não foge muito ao padrão, com Jed Kurzel se redimindo de seu barulhento e irregular trabalho no péssimo Assassin’s Creed.


Adicionando elementos fantásticos a um típico filme de guerra, a produção ganha ares frescos, fazendo do horror da guerra a curiosa combinação de realismo e fantasia. E a abundante violência gráfica, de fato, justifica a classificação indicativa, trazendo um verdadeiro banho de sangue, com membros amputados, cabeças esmagadas e toda a sorte de carnificina. Um prato cheio para os entusiastas do gore.


Por isso, Operação Overlord jamais deixa de soar como uma produção escapista, divertindo pontualmente com a mistura de gêneros, mas sem cativar aqueles que esperam mais do que um produto reciclado. Satisfatório, mas longe de ser marcante.


NOTA 6,5

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