O Silêncio falha miseravelmente ao tentar copiar Um Lugar Silencioso
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  • Foto do escritorGuilherme Cândido

O Silêncio falha miseravelmente ao tentar copiar Um Lugar Silencioso

Se O Silêncio pudesse ser resumido em uma frase, seria mais ou menos assim: Um pai de família que toma decisões ruins em situações inverossímeis numa trama que mais parece uma cópia mal feita de Um Lugar Silencioso. E só escrevi “parece”, porque o roteiro é baseado num livro publicado antes do lançamento do filme de John Krasinski, cujo sucesso incontestável e, obviamente, a principal justificativa para a produção deste novo tropeço de John R. Leonetti (do fraco 7 Desejos).


Mesmo que abusássemos da suspensão da descrença - como a trama nos implora para fazer - a verdade é que as atitudes do protagonista corroem a credibilidade de uma produção que sequer é capaz de entregar boas sequências de ação, provocar tensão, ou qualquer sentimento que o valha.


Durante noventa minutos, o espectador é obrigado a acompanhar a luta de uma família pela sobrevivência num lugar dominado por pequenas criaturas aladas e carnívoras. Não se tem noção de tempo, pois a montagem e a direção são incapazes de sugerir a passagem do mesmo e quando finalmente lembram de fazê-lo, a história já está praticamente no fim. A hecatombe mal se instala (e tampouco tomamos conhecimento de sua dimensão) e já há grupos de sobreviventes malignos em busca de uma mulher fértil! Sim, é nesse nível.


Stanley Tucci (Dança Comigo?, O Terminal) encarna, no piloto automático, o pai mais frio da face da Terra, Miranda Otto (Guerra dos Mundos, O Voo da Fênix) é a mãe que só existe para motivar um acontecimento no segundo ato, a avó é mantida viva pelo roteiro apenas pelo fato de suas tosses súbitas provocarem alguma tensão. Cabe a Kiernan Shipka, a nova Sabrina, interpretar a figura mais humana, ainda que terrivelmente desperdiçada. Aliás, por falar em desperdício, John Corbett (Casamento Grego, Os Reis da Rua), numa das piores performances de sua carreira, faz uma ponta como um estereótipo.


Criando uma atmosfera levemente desconfortável, porém jamais aterrorizante é apenas ocasionalmente tensa, The Silence (no original) deve ser mais um daqueles filmes que acabam despejados na Netflix por não conseguirem um acordo melhor com estúdios hollywoodianos. De uma forma de outra, o desperdício é o mesmo, e em variados níveis.


NOTA: 2

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