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CRÍTICA | "Quase Deserto"

  • Foto do escritor: Guilherme Cândido
    Guilherme Cândido
  • há 30 minutos
  • 2 min de leitura

*Filme visto durante o Festival do Rio 2025


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Depois de Uma Batalha Após a Outra sacudir os cinemas mês passado, seria difícil para qualquer produção subsequente tratar do tema imigração. O discurso eloquente e contundente de Paul Thomas Anderson reverbera até agora e deve permanecer até o Oscar 2025, do qual não ficará de fora. É o que acontece a Quase Deserto, anos-luz atrás da obra protagonizada por Leonardo DiCaprio e que tropeça nas próprias pernas ao construir uma trama convoluta, repleta de outros temas que acabam ofuscando aquele que deveria ser o elo central.


Dirigido pelo brasileiro José Eduardo Belmonte e escrito pelo mesmo ao lado de Carlos Marcelo e Pablo Stoll, o filme é ambientado em Detroit no momento em que dois imigrantes latinos “indocumentados” salvam uma jovem neurodivergente sem ter ideia de que ela é a testemunha-chave de um crime. Percorrendo as ruínas de uma antiga Terra Prometida, eles passarão por provações para se manterem vivos.

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Assim como François Ozon, diretor do filme visto antes de Quase Deserto, o brasileiro José Eduardo Belmonte é um workaholic incurável, capaz de entregar duas produções completamente distintas entre si no mesmo ano, infelizmente sem receber o reconhecimento que merece. Só em 2023, por exemplo, ele apresentou os bons Uma Família Feliz e O Pastor e o Guerrilheiro.

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Em Quase Deserto ele volta a exibir cuidado com a mis en scene e é hábil ao construir uma atmosfera opressiva, mas seus esforços são sabotados por um roteiro desfocado e que ainda se apressa para chegar ao final, consequentemente deixando pontas soltas pelo caminho. Dividido em capítulos dedicados a cada personagem do trio principal, destacando a língua materna de cada um, o texto desvia da problemática de imigração e abraça premissas claramente criadas para injetar ação no projeto (ponto forte do diretor).

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Em contrapartida, a utilização de Detroit como um microcosmo decadente e cheio de rachaduras, funciona ao estabelecer paralelos com a realidade dos personagens, tecendo também um comentário sobre as pessoas que decidem abandonar o calor humano de seu país de origem para se submeterem à putrefação da cidade norte-americana.


Ao menos estabelecendo um ritmo envolvente que culmina num desfecho coerente, Quase Deserto parte de uma ideia promissora para alcançar resultados apenas regulares.



NOTA 5,5


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